Este post é um dos queridinhos do meu blog antigo e achei que valia a pena trazê-lo pra cá, já que trata de um assunto tão importante que é a Educação. “Educai as crianças e não será preciso castigar os homens” (Pitágoras). A Suíça é um país que lava isso muito a sério! Vejam abaixo!
Olá, queridos leitores. Depois de alguns dias sem postagens, volto com um texto inspirado em uma conversa que tive ontem com uma amiga muito querida. Assim como eu, ela é professora. Contando para ela algumas descobertas sobre a Educação na Suíça, pensei: por que não transformar essas informações em um post? Bem, então aqui vamos nós.
Depois de quase três meses vivendo aqui, posso dizer que estou evoluindo bem com meu francês. Ainda não estabeleço uma comunicação longa, pois me faltam palavras para um diálogo, mas no que diz respeito a compreender o que ouço e leio, estou satisfeita com meu progresso. Mas não é sobre o meu aprendizado que vou falar. Só estou comentando porque foi através dele que cheguei a essas informações sobre o sistema educativo desse país tão organizado e, posso dizer sem medo de exagerar, evoluído também nesse setor.
Cheguei na Suíça durante as férias escolares. O ano letivo, aqui, começa no segundo semestre: algumas escolas no final de agosto, outras somente no início de setembro. Isso acontece porque o ano letivo é organizado a partir das estações do ano. E o suíço gosta (e precisa) de aproveitar o verão.
Para quem não sabe, a Suíça possui quatro idiomas oficiais: o alemão, o francês, o italiano e o romanche, esse último quase não mais utilizado. Vevey pertence à região francesa, mas suas escolas oferecem, além do francês, o alemão logo de início. Depois de alguns anos, os alunos têm também a opção do italiano e do inglês. Portanto, é muito comum você ouvir uma criança entre 5 e 8 anos falando pelo menos dois idiomas, mesmo que ela não estude em uma escola internacional. Estas oferecem o inglês como idioma principal, mas também disponibilizam os três principais idiomas do país. Soube ainda que, algumas delas possuem aulas de outros idiomas, como o espanhol, pois consideram importante que seus alunos mantenham o estudo da língua materna (infelizmente, o português não está nesse pacote).
Além das aulas de idioma, matemática, história, geografia, etc, os alunos têm opções diversas de esportes. Atividades recreativas são oferecidas com frequência. Há também os projetos de férias, que proporcionam experiências diversificadas, inclusive de trabalhos sociais. As meninas podem ainda aprender a cozinhar, costurar, bordar, enfim, aulas extras de coisas simples, porém práticas.
Outro fator interessante são as férias. Assim como no Brasil, o ano letivo é dividido em ciclos, mas aqui predomina o sistema trimestral. Alguns trimestres são maiores, como o de inverno, mas duas coisas me chamaram a atenção nessa divisão. A primeira é que, a cada final de trimestre, as escolas têm um período de férias. As férias de verão (nos meses de julho e agosto) e de final de ano (para celebrações do Natal e Ano Novo) são as mais longas; mas entre cada trimestre, alunos e professores têm um período de uma ou duas semanas para descansar. Fantástico, não? Como professora, sempre desejei uma paradinha entre um bimestre e outro… Bem, o segundo ponto que me deixou admirada ainda é relacionado a esses pequenos intervalos de férias. Como já contei no post anterior, acabamos de entrar no outono e as mudanças climáticas são nítidas. Assim como o Brasil possui o horário de verão, a Suíça possui o horário de inverno, que entrará em vigor nas últimas semanas de outubro. E não é que as férias desse trimestre acontecem justamente na semana da mudança do horário? De acordo com minha professora de francês, é uma medida para as crianças se adaptarem, pois é automático elas terem mais sono nesse período e precisam se acostumar. Que tal?
Ah! Já ia me esquecendo de outro detalhe: ninguém na Suíça precisa madrugar para ir à escola. As aulas começam somente depois de 8h30. A maioria se estende a um período da tarde, mas acho super válida essa adaptação e o fato de todos poderem dormir um pouco mais. Enquanto isso, o Brasil mantém o início de aulas entre 7h e 7h30, forçando nossos alunos a professores a estarem de pé no máximo às 6 da manhã… Diferenças culturais, concordo. Mas gosto mais da filosofia suíça.
E para terminar, a principal diferença que, quem sabe um dia, nosso amado Brasil aprenda: os professores suíços são valorizados pelo que fazem. E reconhecidos em sua remuneração, o que não acontece no nosso país, principalmente no ensino de rede pública. Essa imagem que está circulando no facebook diz tudo:
Bem, meus amigos, essas são somente algumas diferenças que conheci. Certamente, existem outras. Mas essas, em especial, chamaram a minha atenção e me fizeram pensar no quanto meu querido Brasil precisa aprender e evoluir. Tenho a esperança de que isso, um dia, aconteça. Até a próxima e… voilà!
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” (Paulo Freire)
*Texto do dia 9 de outubro de 2013