Minha primeira missa na Suíça

Desde que cheguei, estou procurando uma Igreja Católica para poder participar das missas. Tarefa difícil, considerando a quantidade de Igrejas tomadas pela Reforma Protestante aqui na Suíça. Mas segui procurando e depois de algumas pesquisas na internet, encontramos duas igrejas aqui em Vevey: a de Notre Dame e a de San Juan. Mas ainda faltava descobrir onde ficava, pois achamos os endereços na internet, mas não conhecíamos os lugares.
Finalmente localizamos a Notre Dame enquanto caminhávamos um dia pelas ruas da cidade. Na oportunidade, fotografamos os horários das missas dominicais e descobrimos que uma delas é celebrada em português. Por mais que me digam que, para aprender rápido o francês, eu devo fazer tudo nessa língua, muito me acalentou saber que posso assistir missa na minha língua. E lá fui eu ontem, dia primeiro de setembro, início do mês da Bíblia, para minha primeira missa na Suíça.
Saí de casa mais cedo, pois não sabia ao certo quanto tempo levaria de caminhada até lá. Arrisquei um caminho e tamanha não foi minha surpresa ao levar apenas 15 minutos. Bem, cheguei meia hora antes do horário de início da missa. A Igreja estava completamente vazia e tive a chance de tirar algumas fotos. A Église Notre-Dame data do século XIX e já passou por algumas restaurações. Cabe aqui uma curiosidade: foi uma brasileira, casada com um homem importante da Suíça naquela época, quem incentivou e ajudou financeiramente a construção dessa Igreja que, por sinal, é muito bonita.
 
Tirei as fotos (não muitas, pois só estava com o celular), rezei um pouco, tentei ler alguns folhetos em francês… Aos poucos, alguns fiéis foram chegando e se espalhando pelos bancos da Igreja. Quando passaram-se alguns minutos das 19 horas, um grupo de pessoas que se acomodou nos primeiros bancos se levantou e, sem nenhum instrumento, começou a cantar. Nossos irmãos de língua lideraram o canto e o restante da assembleia acompanhou; enquanto isso, o padre entrava, seguido de uma adolescente, coroinha ou acólita, não sei ao certo. Ela quem o auxiliou durante a celebração, embora estivesse mascando chiclete, o que me incomodou um pouco.
 
Minha única alegria foi quando o padre começou a falar e identifiquei que ele era brasileiro. Porque infelizmente, durante os outros momentos da missa, senti muita falta das nossas celebrações católicas brasileiras. Sempre fui muito envolvida com a Igreja, ajudava nos cantos, leituras e senti uma saudade danada desse tempo. O padre é ótimo e celebrou conforme manda o figurino, com uma homilia excelente. Mas tive uma grande dificuldade de acompanhar as orações – embora no mesmo idioma – devido à rapidez com que eles as fazem, o que confesso, também me incomodou. Gosto de rezar com tranquilidade, meditando a oração. Minha tristeza maior veio no momento do “Abraço da paz”. Como o marido está em viagem, estava sozinha na missa. Voltei-me para cumprimentar as pessoas e pareci um ET. Ninguém saiu do seu lugar para cumprimentar o outro, nem mesmo o que está mais próximo. Quando me aproximei dos poucos que consegui cumprimentar, o aperto de mão demorou para acontecer, como se aquilo não fosse comum. Senti que as pessoas me olharam com estranheza e acabei voltando para o meu lugar. Nesse momento, percebi como estavam todos espalhados, cada família em seu canto e parecia que ninguém se relacionava. Pode ser um julgamento pré-maturo, ou apenas uma primeira impressão (e até espero que seja!). Mas fiquei com vontade de que fosse diferente. Imaginei que, em uma missa celebrada num determinado idioma (nesse caso, o português), os falantes desse idioma se relacionariam mais, conversariam e trocariam histórias, casos da semana, sei lá… pode ser que tenha tido tudo isso e eu não vi. Mas não percebi um sinal de comunidade, infelizmente. Com exceção do padre que, em sua simpatia, ao final da missa, dirigiu-se ao fundo da Igreja e ali ficou despedindo-se dos fiéis. Troquei com ele algumas palavras e até tive vontade de desabafar o que senti durante aquela missa, mas preferi deixar para uma outra oportunidade, na esperança de ter sido apenas uma primeira impressão.
 
Para não ser injusta, ao lado do padre, estava um simpático senhor português que foi quem me contou a história da Igreja (que citei lá no início). Disse que há, inclusive, uma homenagem àquela senhora que tanto ajudou para que a Église Notre-Dame fosse construída. Um simpático senhor em 50 (não sei se era só isso, mas eram poucos fiéis).
 
Depois dessa minha primeira experiência de missa na Suíça, fiz o compromisso comigo mesma de fazer um estudo das outras missas. Um tipo de análise. No próximo domingo, irei à missa em francês e, quem sabe, experimentarei também em outros idiomas. E aí volto para minha segunda impressão da missa em português. Quem sabe tenho uma sensação diferente? Assim espero. Tenho esperança e fé. E podem estar certos de que contarei tudo aqui, tim-tim por tim-tim. Voilà!

4 comentarios en “Minha primeira missa na Suíça

  1. Lais Costa

    Fernanda como assim? Ai não tem Celinha e suas bonitas cantoras? O povão que canta tudo?! Adorei essa parte pois assim realizaria meu sonho de cantar na missa! ahahaha.. Outra parte que me identifiquei foi a ausencia dos abraços, pois tenho uma pequena dificuldade em abraçar quem eu não conheço. Mas senti pelo seu texto que o pessoal foi extremamente frio, acho que até eu nesse momento "anti-social" me sentiria excluida! rs!!! To adorando o Blog! Parabens! Um beijo, Laís.

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  2. Fernanda Diniz

    Pois é, Laís… as coisas são bem diferentes por aqui… a parte do canto nem me incomodou tanto, é uma questão de costume mesmo… e o pior foi que nem os apertos de mão saíram direito… mas tá bom, tenho esperança de que isso melhore com o tempo, quem sabe, né?
    Fico feliz que esteja gostando do blog! Beijinhos e obrigada!

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