Bom, terminei o post anterior contando que chegamos a Padova por volta de meia-noite e comentei que foi lá que nos hospedamos. Veneza é uma cidade extremamente turística e, justamente por isso, tudo é caro. A começar pelos hotéis. Quando decidimos que iríamos mesmo passar nosso primeiro feriadão suíço lá, nossos primeiros passos foram reservar o carro e buscar por um hotel. Não faço questão de hotel 5 estrelas, mas sempre procuro por algo confortável que, ao fim do dia, me proporcione um bom banho e uma boa noite de sono. Tinha algumas dicas de hotéis para Veneza e, para minha surpresa, estavam todos esgotados. Os que ainda estavam disponíveis eram de um preço absurdo. Então partimos para o plano B: olhar cidades próximas não tão populares para passarmos a noite. Sem saber, escolhemos a cidade de Pádua, Padova em italiano. Depois do hotel reservado, descobrimos que lá está a Basílica de Santo Antônio de Pádua. Sim, o Santo Antônio casamenteiro que conhecemos. Mas isso vou contar quando for falar de Padova, ok? Voltemos à Veneza.
Ainda durante as minhas pesquisas, soube que ir até Veneza de carro é mais complicado do que parece. Sim, é possível chegar até lá de carro, mas será necessário deixá-lo em um estacionamento – o único que existe na entrada da cidade – e pagar caro por isso também. Sabendo disso, achamos ainda mais fácil ficarmos hospedados em Padova. Assim, deixamos o carro no estacionamento do hotel e pegamos um trem para a estação Venezia Santa Lucia. A estação estava lotada, assim como tudo em Veneza nos dias que se seguiram. O trem leva cerca de 30 minutos e, embora rápido, não é dos mais limpos nem confortáveis. Ou talvez eu já esteja muito acostumada com os trens suíços. A precisão com os horários também não é uma característica italiana. Por duas vezes nosso trem se atrasou e ainda bem que não precisávamos ser pontuais.
Ao chegar em Veneza, você tem duas opções: pegar um vaporeto para algum destino já selecionado ou caminhar até esse destino. Como estava um dia lindo e nossa intenção era conhecer mesmo a cidade, optamos por caminhar. Sendo assim, atravessamos a primeira ponte que fica à esquerda da estação e seguimos as placas para Rialto, nosso primeiro destino.
Uma coisa muito comum e fácil de se fazer em Veneza é… errar caminhos. Bem, as ruas são labirínticas e muitas vezes você só tem saída para o lado oposto que o mapa indica, o que obrigada a dar uma volta danada. Com isso, para conseguirmos chegar até a Ponte Rialto, caminhamos bastante e passamos antes pelo Mercado Rialto. Não fosse o cheiro de peixe teria sido uma bela visita. Brincadeirinha! Foi no mínimo interessante observar todos os tipos de barracas, ouvir a música italiana dos grupos que tocam ali, a céu aberto. Naquele momento, me aproximei do Grande Canal e me senti, de fato, na Itália. Foi ali que percebi que havia chegado em Veneza e que realizava um sonho. A emoção foi inevitável! Lembrei-me do meu avô e, mais uma vez, desejei que ele estivesse ali comigo. Principalmente na Itália!
Continuamos nossa caminhada e chegamos finalmente no nosso destino: Ponte Rialto, uma imensa estrutura toda de pedras datada da metade do século XVI. Não preciso nem dizer o quanto a ponte estava lotada, preciso? Além dos turistas que ali circulam e param para as fotos com a bela vista do Grande Canal, dos dois lados da ponte há vendedores de artigos diversos: as famosas máscaras, artigos de cristal de Murano, chapéus, lenços, camisetas… enfim, tem de tudo. Não tem como pegar a Rialto vazia, mas eu briguei pelo meu cantinho para tirar a famosa foto com o Grand Canale ao fundo. Saindo da Rialto, passamos a seguir as placas para San Marco. Afinal, é lá que estão todos os pontos principais e imperdíveis de Veneza. Mas o caminho foi sem pressa, com diversas paradas não somente para apreciar os canais como para espiar as barracas e aproveitar o saboroso gelatto – sorvete italiano D-E-L-I-C-I-O-S-O! (o gelatto virou regra em qualquer viagem para a Itália)
Outras paradas obrigatórias são as Igrejas. Parávamos em todas que víamos pela frente e não nos arrependemos. A Itália é berço das belas artes e faz jus a isso. Todas as igrejas são repletas de pinturas e esculturas belíssimas, de cair o queixo. Como esse post já está imenso, vou terminar contanto um pouquinho da nossa chegada à Piazza San Marco. A Piazza San Marco era tudo o que eu esperava: linda, imponente e encantadora. É impossível escolher para que lado olhar! É o cartão-postal de Veneza: O Campanille – sino mais alto de Veneza, a Basílica de San Marco, a Torre Dell’Orologio e as numerosas mesas que se estendem das portas Procuratie Vecchie e Nuove! Uma imagem deslumbrante!
A hora do almoço se aproximava, mas como tínhamos tomado um super café da manhã no hotel, decidimos primeiro subir para visitar o Campanille e ter a famosa vista da cidade que parece surgir das águas. E sim, parece! Impossível descrever, vou deixar que as fotos mostrem essa maravilha.
Extasiados por esse cenário, descemos para comer alguma coisa e seguir para o passeio de gôndola. Tinha planejado a gôndola para o domingo, mas como a previsão era de chuva para o dia seguinte, resolvemos inverter, o que foi ótimo.
Mas vou voltar para o almoço – que não foi almoço. Há algum tempo recebi um e-mail que mostra os 10 mais belos cafés do mundo. Quando fomos para Buenos Aires, conhecemos um deles, o Café Tortoni, que recomendo pra todo mundo que for pra Buenos Aires. Nessa maravilhosa lista também está o Café Florian, em Veneza. Bem, desde nossa viagem em 2011 temos um costume: se a cidade tiver Hard Rock, uma das nossas refeições deve ser no Hard Rock. Propus então um novo hábito de viagem: se na cidade tiver um desses 10 cafés, vamos até ele também. Então lá fomos nós para o Florian, que fica bem ali, na Piazza San Marco, naquelas mesinhas lindas que se estendem das portas Procuratie Vecchie e Nuove.
Infelizmente, a visita não foi bem como eu esperava. O Florian é realmente histórico e tem lá a sua beleza. Afinal, ele existe desde 1720 e suas pinturas internas são dessa época: magníficas! No entanto, a estrutura me desapontou um pouco. As salas ficam separadas e o forte dele é do lado de fora. Não é como no Tortoni, que você se sente realmente em um café. O serviço do café foi outra grande decepção. Quem conhece o Tortoni sabe do que estou falando: lá é tudo maravilhoso e com um preço compatível aos demais estabelecimentos da cidade. No Florian, essa parte do preço não funciona bem assim. Tudo é três vezes mais caro. Como não tínhamos ainda noção dos demais preços venezianos e era o que tínhamos naquele momento, pedimos duas bebidas e uma pizza pra enganar a fome. Mini-pizza, que fique claro. Veio tudo lindo, em uma bandeja, uns petiscos extras, o maior glamour. Mas pagamos 52 euros só por isso! Um roubo, fala sério! No dia seguinte, comemos em um restaurante super charmoso, pedimos duas pizzas bem maiores, uma garrafa de vinho e uma água com gás e pagamos menos que isso. Portanto, minha recomendação sobre o Café Florian é: dê uma passada, conheça e tire fotos, mas vá comer em outro lugar. Outra coisa: o famoso drink veneziano não me agradou muito… (gente, o drink era o AperolSpritz e hoje eu AMO! kkkkkkk)
Seguimos o passeio e fomos procurar as famosas gôndolas. Tinha lido em um blog sobre as gôndolas piratas e, sinceramente, não queria passear em uma gôndola falsa. Sabia que não pagaríamos barato por esse passeio; mas para mim, ir a Veneza e não passear de gôndola seria o mesmo que não ter ido a Veneza. Então lá fomos nós procurar uma gôndola. Na primeira que paramos, o preço pedido foi de 100 euros! Meu Deus! A gôndola comporta 6 pessoas, mas não encontramos parceiros. Na parada seguinte, conseguimos um pequeno desconto e fizemos o tradicional passeio romântico por 80 euros. Só nós dois! E foi uma delícia! O gondoleiro era uma simpatia e nos contou várias histórias da cidade. Valeu a pena!
Passamos embaixo da Ponte dos Suspiros, como eu queria, e percorremos alguns dos pequenos canais. O passeio durou cerca de 40 minutos e o dia estava lindo. Foi tudo perfeito! Na saída, não pude deixar de tirar uma foto do Hotel Danieli, aquele do filme O Turista, com a Angelina Jolie e o Johnny Depp. De acordo com o nosso gondoleiro, a entrada lateral do Danieli é exatamente aquilo que mostra no filme – que por sinal é ótimo, recomendo! Quem ainda não assistiu, vale a pena! Boa parte da história se passa em Veneza e é possível ver imagens lindas da cidade!
Bem, o post já está ficando gigante de novo, mas vamos a um novo tópico: o vaporetto. Como comentei, mudamos um pouco o roteiro devido à previsão de chuva para o dia seguinte. Tínhamos a intenção de ir até uma das ilhas que selecionei, o que deveria ser feito de Vaporetto – um ônibus-barco, na minha definição. Fomos para o Lido di Venezia, lugar que separa Veneza Santa Lucia do mar Adriático e que tem até uma praia. Um lugar simpático e agradável para passear: estava bem menos movimentado que Veneza e os preços são bem melhores. O problema é o tal do vaporetto. O negócio estava tão lotado, balança tanto e faz a viagem ser tão sofrida que desistimos de pegar outro para Murano ou Torcello. Nossa dose de vaporetto estava no limite. Andamos um pouco pelo Lido e voltamos para andar mais até a hora do jantar, que seria no Hard Rock para continuarmos aquela saga.
Depois de passearmos pelo Lido, pegamos o vaporetto de volta para a San Marco. A primeira intenção era ainda visitar outra ilha, mas como nossa experiência vaporetto não foi das melhores, concordamos em deixar San Giorgio, Murano, Burano e Torcello para uma próxima. Ainda era cedo para jantar, então fomos andar aos arredores da San Marco: uma caminhada mais do que agradável, afinal, estamos em Veneza. Tudo ao redor é convidativo e você só quer que dure para sempre. Momento propício para adquirir os famosos souvenirs para eternizar na estante os momentos ali vividos. São várias opções, desde ímãs de geladeira a camisetas. Na minha opinião, as miniaturas de gôndola são as mais significativas e não pude deixar de trazer uma pra mim.
Durante essa caminhada, tentávamos também encontrar duas igrejas que estavam no nosso roteiro: a de Santa Maria dei Miracolli e a Santa Maria dei Frari. A primeira, descobrimos que ficava do outro lado do Grand Canale, o que nos fez deixar também para uma próxima (definitivamente, teremos que voltar a Veneza). A segunda estava um pouco mais longe do que imaginávamos e só conseguimos encontrá-la no dia seguinte. Não, não passamos a noite procurando. Mas depois de pararmos na Igreja errada e começarmos a nos distanciar muito da San Marco, resolvemos deixá-la para o dia seguinte e retornamos para então termos o nosso jantar.
Como comentei no post anterior, temos uma saga Hard Rock desde 2011. Quando descobrimos que Veneza possui um, decidimos ter nosso jantar de sábado lá, tomando o tradicional chopp e comendo nossa favorita Jumbo Combo. E o brownie de sobremesa, claro! Encontramos o Hard Rock e, infelizmente, foi nossa pior experiência com essa rede de restaurantes. Explico: pela primeira vez não pegamos fila para entrar. Bom, né? Era pra ser. Isso só aconteceu porque chegamos bem cedo. O espaço é pequeno e em pouco tempo lotou. Ótimo, tínhamos chegado mais cedo e já tínhamos a nossa mesa. Mas começamos a ser pressionados pelos garçons sobre nossos pedidos, se gostaríamos de mais alguma coisa ou se poderiam trazer a conta… enfim, uma situação um tanto quanto desagradável. NUNCA passamos por isso em Hard Rock nenhum, e já são 7 na nossa bagagem (já subimos esse número e o episódio desagradável só se deu em Veneza mesmo). Sabemos que a Europa tem esse padrão de “peça comida ou peça a conta”, mas estávamos sem pressa, tomando nosso chopinho, comendo tranquilamente e consumindo! E digo mais: não fosse a pressão, teríamos consumido mais ainda.
Vocês devem estar me achando uma chata que não gostou de lugar nenhum para comer nesse primeiro dia. Mas juro, não é chatice. Tanto que as experiências do dia seguinte foram excelentes, mas contarei sobre elas no momento certo, ok? Fiquei triste de verdade com a experiência Hard Rock, pois não é do padrão Hard Rock, se é que me entendem. A única coisa boa que tiramos de lá foi a informação precisa de como retornarmos à estação. Como já era noite, não queríamos arriscar voltar a pé e acabarmos perdidos em alguma ruela veneziana. Embora estejamos na Europa, não dá pra arriscar, não é mesmo? Ainda porque conheço algumas histórias de quase assaltos em Veneza. Então nos rendemos mais uma vez ao vaporetto que levava à estação Venezia Santa Lucia. Para quem tiver interesse ao visitar Veneza, vale informar que o último passa por volta de 20h, 20h30. Depois disso, somente vaporettos noturnos, que demoram mais. Pelo menos foi essa a informação que recebemos no Hard Rock.
Como também não queríamos correr o risco de perder o último trem para Padova, nos apressamos para tomar o vaporetto das 20h e pouco. Ele leva mais ou menos uma hora até a estação, o que nos fez esperar cerca de 40 minutos para o nosso embarque. Mas foi uma viagem de vaporetto que valeu, pois já estávamos mega cansados de caminhar. E, por sorte, dessa vez conseguimos nos sentar. Ufa! Depois de tudo isso, só nos restou chegar ao hotel, tomar um belo banho e descansar para o dia seguinte, pois ainda tínhamos muitas belezas para conhecer na linda Veneza.
Esse foi o nosso primeiro dia na cidade mais romântica da Itália e espero que tenham gostado. Mas nossa aventura ainda não acabou. Volto já com nosso roteiro do segundo dia e ainda nosso passeio em Padova e a parada em Verona, na volta. Não deixem de acompanhar. Vou me despedir com algumas fotos, inclusice uma noturna da Ponte dos Suspiros. Aguardo vocês nos próximos posts. Arrivederci, amigos, e voilà!
*Viagem realizada entre os dias 13 e 16 de setembro de 2013.