Um breve parêntese

      1 comentário em Um breve parêntese
Tá bom, sem justificativas para esse sumiço de uma semana. Muito estudo, muitos passeios e também muita preguicinha! rsrs
Mas pra compensar, hoje prometo postagem dupla. É que antes de continuar a contar sobre o meu passeio pela Alemanha, preciso dividir algo que aconteceu comigo hoje. Um fato simples, rápido e bastante corriqueiro, mas que em outro lugar poderia ter tido um desfecho bem diferente.

Vamos ao contexto: comecei a dar aulas de português para alguns brasileiros aqui na Suíça. São crianças e adolescentes que, devido à mudança dos pais, perderam o contato com nossa língua. Então, ao conhecer uma das famílias, unimos o útil ao agradável e estou atuando como professora novamente. E tem sido uma experiência muito gostosa, pois estou atendendo também algumas crianças em fase de alfabetização, o que para mim é um grande desafio.

Mas isso tudo é só pra contextualizar. Com o crescimento das aulas, fui ontem comprar alguns materiais para me auxiliarem, dentre eles um pequeno grampeador, pois não trouxe nada disso do Brasil. Pela manhã, fui caminhar na Place du Marché e acompanhar a Festa de Saint-Martin (vou contar os detalhes dessa festa posteriormente). Na volta, passei no bom e velho Migros, um dos supermercados suíços, daqueles que têm de tudo. Em meios às coisas que comprei, estava um pequeno grampeador. Isso foi por volta das 14 horas.
Mais tarde, enquanto arrumava o material para a aula que aconteceria às 17h, precisei grampear algumas folhas. E só então me dei conta de que não estava com o grampeador em casa. Verifiquei novamente a sacola, olhei no armarinho onde guardo esses objetos, e nada. Achei que pudesse tê-lo deixado no carrinho de compras e, consequentemente, não passado pelo caixa. Fui então conferir o ticket de compra e sim, eu havia pago pelo grampeador. Mas não o trouxe para casa. Como estava perto do horário da aula, não pude voltar ao Migros para ver imediatamente o que havia acontecido. Depois da aula, não adiantaria, pois a Suíça, de um modo geral, fecha às 18h30. Além disso, já havia passado mais de duas horas da compra e, mais tarde, teria passado mais tempo ainda. Fiquei conformada em ter perdido o grampeador.
Hoje, porém, comentei o ocorrido com minha professora de francês. E ainda tinha o ticket da compra na minha bolsa. Ela imediatamente me aconselhou para ir ao supermercado e informar que eu provavelmente havia esquecido o objeto. E me ensinou o que e como dizer. Saindo da aula, então, fiz o que ela recomendou. Tal não foi a minha surpresa quando comecei a falar com a moça do balcão e ela já me interrompeu, dizendo em francês: “Sim, nós guardamos um grampeador que foi esquecido no caixa!” Pronto! Estava tudo resolvido. Ela verificou em um pequeno armário e disse que eles haviam colocado o pequeno agrapheuse (grampeador em francês!) de volta à prateleira interna do mercado, mas que eu mesma podia entrar e retirá-lo. Depois, era só passar novamente no balcão e falar com ela. Enquanto me dirigia à gôndola onde ficam os objetos de escritório, me perguntava se isso seria assim em outro lugar, até mesmo no Brasil. Sei que existem muitas pessoas de boa índole (graças a Deus) que encaminham objetos perdidos aos locais apropriados para que, quem os perdeu, possa reavê-los. Mas infelizmente nem sempre isso acontece. Alguns adotam o famoso “achado não é roubado, quem perdeu não tem cuidado” e simplesmente se apropriam do que encontram. Felizmente, na Suíça não é assim. E o que me surpreendeu, na verdade, foi que, tanto para minha professora quanto para a moça que me atendeu, era perfeitamente natural que meu grampeador ainda estivesse ali!
Ao retornar do interior do supermercado, falei com outra moça para que eu pudesse sair com a mercadoria na mão sem pagar e expliquei a situação. Ela rapidamente me liberou e voltei para finalizar o procedimento com a primeira atendente. Ela pegou uma pastinha e pediu que eu assinasse ao lado do local em que havia anotado o grampeador encontrado. Foi extremamente simpática e gentil e ainda me informou que foi um cliente que o encontrou, no cantinho do caixa onde geralmente empacotamos as compras. Bem, acho que não preciso dizer mais nada, né? C’est la Suisse! E vamos voltar à Alemanha! Voilà!

 

 

Um comentário em “Um breve parêntese

  1. Anônimo

    É mesmo interessante e coisa de país de primeiro mundo…infelizmente nem todo lugar acontece isto.
    Bjim da mammy

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