Outro dia, nas minhas andanças por Vevey, parei na Biblioteca municipal para fazer meu cadastro. Já fazia tempo que queria fazer, pois minha professora de francês havia recomendado como suporte para meus estudos. Mas cada hora era uma coisa: sempre que passava na porta, ou eu estava sem dinheiro na mão ou estava sem a minha permit, aquela identidade suíça que fiz logo que cheguei aqui. Como a biblioteca fica de frente pro lago, sempre passo ali durante minhas caminhadas, mas nunca com o necessário para me cadastrar.
Finalmente saí de casa com esse objetivo: ir à biblioteca. Como boa professora e jornalista, sou uma pessoa apaixonada por livros. Sou aquela que, ao entrar em uma livraria ou biblioteca, perco a noção do tempo e tenho o inevitável pensamento de que poderia morar naquele lugar. E a biblioteca de Vevey tem dois fatores que dão um plus a esse meu sentimento: primeiro porque ela tem um charmoso café logo na entrada, onde você pode ficar para ler ou até bater papo com amigos enquanto toma um café – hábito tipicamente europeu. E segundo porque ela está na minha localização preferida da cidade: perto do lago. A vista é simplesmente deliciosa. Com os livros ao redor, então, momento de puro deleite.
O processo de cadastro é simples: qualquer pessoa que more aos arredores de Vevey pode fazer sua carteirinha, o que permite usar os livros da biblioteca. Há também uma midiateca, mas para emprestar CDs e DVDs, a taxa de adesão é um pouco maior. Mesmo assim, optei pela adesão completa, ou seja, acesso ilimitado aos livros, CDs e DVDs que o espaço oferece. Acho que na situação em que me encontro, querendo aprender francês o mais rápido possível, quanto mais opções, melhor. É permitido levar para casa até 10 livros por 4 semanas. Para CDs e DVDs, o limite é de 4 itens pelo mesmo prazo de 4 semanas.
O que me encantou mais uma vez foi a confiança que os suíços têm nas pessoas. No momento do cadastro, não foi necessário apresentar nenhum comprovante de residência em Vevey, embora a moça tenha me perguntado. Preenchi a ficha, paguei a taxa correspondente a minha escolha e recebi na hora meu cartão de acesso, podendo pegar emprestado o que quisesse, imediatamente. Embora não seja muito grande, percebi que a biblioteca tem um considerável acervo. Junto do catálogo que traz as informações e o regulamento, recebi um folder com alguns eventos culturais que serão realizados e uma outra revista com a lista das novidades adquiridas recentemente pela biblioteca. Tudo muito organizado, como os suíços costumam ser.
Diferentemente do que estava acostumada a ver no Brasil, os ambientes da biblioteca estão sempre movimentados. Aqui, para todo lado que se olha – inclusive aos arredores do lago – é normal ver alguém lendo, concentrado.
Embora meu cadastro tenha como objetivo principal praticar a leitura em francês, não pude esconder a minha alegria ao ver uma prateleira com livros em português. Uma prateleira pequena, porém decente, como diria meu saudoso avô. Mas ela está lá, nossos autores renomados enfeitam a Biblioteca Municipal de Vevey. Até tirei uma foto de um dos títulos do maior nome da nossa literatura: Machado de Assis.
Quem pensa que o Brasil não tem coisas boas mundo afora, está enganado. O problema é que, infelizmente, o que é bom, pouco se propaga. Nossa literatura é riquíssima. O que falta é incentivo à leitura e também aos espaços favoráveis a esse hábito. Sem contar os preços exorbitantes de livros no Brasil. Aqui, já paguei 1 franco por um livro. No Brasil, nem jornal por um real. Mas tenho fé de que um dia a gente chegue lá. Até a próxima – que, a propósito, será da Alemanha – e voilà!
Que delícia, hein Fer, agora vc achou o PARAÍSO hehehe
Nunca vi gostar de ler desse jeito! Aproveita, gatinha, enquanto tem tempo….bjim da sua mammy que tá morrendo de saudade.
O Alienista! Li esse ano passado. Uma leitura leve e bem astuta. Ainda travado no Pilares da Terra por outro lado: nunca mais vou me perder numa igreja.
Proximo da lista: Terry Prachett. E, à recomendação de um professor, a trilogia Da Fundação, do Asimov.